segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O VÁCUO


Sua ausência deixa-me esta sensação. Um vazio de sua matéria onde passo a mão e penetro e gozo. Um vazio de voz, ruídos, sorrisos, sussurros, nós. Falta-me o ar que põe graça nesta casa e que, às vezes, me aborrece de tanta intervenção. Falta a pressão. Correr para limpar o apartamento para que encontre tudo em ordem, menos eu. Quântica e perene desordem. O mais é o oco.
Este vago não me faria morrer, mas descolore... Uma dor indivisível, nem tão pungente, mas vívida. Uma lacuna de definição ou simbologia que a traduza. Talvez um gol mal anulado, onde todos vibram, experimentam a sensação do prazer, para saberem, posteriormente, do não ter sido validado.
Falo vácuo, mas na verdade o que sinto é o excesso de sua presença que não se esvai com sua partida, fica aqui preenchendo os espaços, as horas, os temas... Como a luz que dá falsa sensação de pulsar às estrelas...