domingo, 8 de novembro de 2015

NOVEMBROS...

"Para acabar com essa ideia

De achar que tudo tem que ter censura

Para acabar com essa mania

De querer tirar das ruas minha juventude"
Diverdade (Chico Maranhão) 



Para além do escuro da minha pele 
Paira a treva da desinteligência humana
Aquela que hierarquiza, discrimina e exclui.
A luz desapareceu e tem tanta gente ferida
Que humanos somos? 
Bestas indignas de ser comparadas aos animais
De onde virá a luz que nos livra das mentes hostis e desequilibradas?
Como ser flexível com quem crê que ainda pode deitar sobre meu dorso o chicote?
Como ficar complacente ao genocídio nosso de cada dia?
A escuridão campeia e caminha em direção ao ápice
Disfarçada de sombra e sutilezas
Como não ser panfletário? Onde estão as consciências?
Ah! Não me venham com discursos de democracia
Já perdi a paciência.


NOVEMBER
Too close to the my dark skin
Lives darkness of human silliness
That one that ranks, discriminates and excludes.
The light has disappeared and it has wound people
We are human?
Beasts unworthy of being compared to animals
Where is the light to free us of hostile and unbalanced minds?
How to be flexible with those who believe that can still hit on my back with the whip?
How to stay confident if we watch our daily genocide?
Darkness is rife and walks towards the apex
Disguised as shade and subtlety
How don't be pamphleteer? Where is the conscience?
Ah! Don't give me democracy's speeches

I've lost patience

domingo, 1 de março de 2015

7 POEMAS PARA ELA


I (Sinastria)
Um que dissera não ser factível
De Fogo e Terra sentirem atração
Assiste pasmo ao indefectível
A grande força dessa união
Se teve um que tomou a iniciativa
Outro cuidou pela sustentação
E a alegria natural da vida
Fez prazerosa esta comunhão
O amor receptivo, livre de conceitos
Desafiando todos os estudos
Anima agora esses dois sujeitos
Enquanto ri de quem diz saber tudo


II
Preciso comprar um novo chuveiro para quando o amor voltar
O inverno já dá sinais e, depois desse verão,
Jamais meu coração tornará a ser frio
Quero mantê-lo limpo e aquecido
Lavar bem a cabeça para que eu me esqueça
Esta coisa de “ser feliz sozinho”
Para deixar tudo quentinho: edredom, lençóis macios
Onde ele possa deixar-se em abandono
À mercê dos meus zelos
E se numa dessas noites, ao despertar do sono,
Esteja o meu amor ao meu lado,
Que eu tenha o gesto adequado para acolhê-lo.


III
Veio. Atirou-se destemidamente
Nova direção, novo “até quando”. Ela veio,
Ainda que muitos pudessem se apavorar...
Teve apenas um que disse: Vá. Ela veio
Não sei se alguém tentou demovê-la. Ela veio
Talvez a alma sussurrando: A vida se esvai… Ela veio
Impulso criativo na minha vida singela; Ela veio
E eu pensava ser ela uma dessas viciadas em certezas
E eu a pensava…
Loucura mais que bem-vinda
Vida em movimento e de um não/sim, nada esperar. Tudo acontecer...
As coisas tomaram uma forma “certa”
E se eu pudesse nunca mais deixava ela partir…


IV
É domingo, espero e observo
Embora seja grande a expectativa
Já não tenho a ambição dos que querem pra ontem e tudo perdem
Não forço os avanços que retrocedem
Existe uma independência interior que é maior e me guia
Aceito. Apreendo. Acredito
Já está acontecendo...
O destino orquestrado
Virá no seu tempo (morar comigo)
O ser desejado.
E tudo funcionará corretamente
Então será acomodada toda agonia
Um par ganhando forma e tudo tomando prumo:
A Casa, As noites, as Horas, os Dias, ...
Nós.


V
Não sei se não amadureci direito
Mas ainda sigo meu peito mais que minha razão
Se apaixonado, sou meio criança estabanada
Que mete o dedo na tomada e espalha energia
Em mim, Amar não cabe diplomacia
Sou chama que inflama, arde, explode
Eu sei que gente assim, se Freud
Explica, Erra pelos próprios exageros
Ardendo em fogo. Que me importa!
Eu me dou em festa, extremo, agudo
E transformo o ser amado em tudo
Não importa se real ou projeção
Se o amor é retribuído ou é em vão
Saberei, saberão...


VI
Leva-me. Louvo-te. Love me
Afoga-me no teu perfume. Lava-me em tuas águas.
Liberta-me de todo o ciúme
Livra-me do medo. Depura em mim velhas mágoas...
Londres? Leva-me mais longe...
Leva-me onde passeiem meus dedos em festa,
A contornar tuas arestas, reconhecer tuas curvas
Mitiga a sede do teu corpo com minha língua
Leva-me a penetrar-te cada fresta, mesmo as incorretas...
Leva conforto adentro, este morto à míngua
Corrompa-me com tuas leis. Faz-me lascivo...
Laça-me. Ata-me. Torna-me cativo.


VII
Nunca foi tão fácil escolher a direção
A porta se abriu e lá estávamos frente a frente
Tinha o mesmo sorriso que um dia me cativara
A voz interior, certa noite, me conduziu a ir buscá-la e tinha razão
Linda, feminina, amorosa e de presença ímpar, permitiu-se ser meu par
Invadiu-me por completo, enchendo de beleza meu existir
Criamos vínculos, enlaçamos nossos dedos, encantados
E agora seguimos enamorados, num encontro coroado de prazer








segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O VÁCUO


Sua ausência deixa-me esta sensação. Um vazio de sua matéria onde passo a mão e penetro e gozo. Um vazio de voz, ruídos, sorrisos, sussurros, nós. Falta-me o ar que põe graça nesta casa e que, às vezes, me aborrece de tanta intervenção. Falta a pressão. Correr para limpar o apartamento para que encontre tudo em ordem, menos eu. Quântica e perene desordem. O mais é o oco.
Este vago não me faria morrer, mas descolore... Uma dor indivisível, nem tão pungente, mas vívida. Uma lacuna de definição ou simbologia que a traduza. Talvez um gol mal anulado, onde todos vibram, experimentam a sensação do prazer, para saberem, posteriormente, do não ter sido validado.
Falo vácuo, mas na verdade o que sinto é o excesso de sua presença que não se esvai com sua partida, fica aqui preenchendo os espaços, as horas, os temas... Como a luz que dá falsa sensação de pulsar às estrelas...