I (Sinastria)
Um que dissera não ser factível
De Fogo e Terra sentirem atração
Assiste pasmo ao indefectível
A grande força dessa união
Se teve um que tomou a iniciativa
Outro cuidou pela sustentação
E a alegria natural da vida
Fez prazerosa esta comunhão
O amor receptivo, livre de conceitos
Desafiando todos os estudos
Anima agora esses dois sujeitos
Enquanto ri de quem diz saber tudo
II
Preciso comprar um novo chuveiro para quando o amor voltar
O inverno já dá sinais e, depois desse verão,
Jamais meu coração tornará a ser frio
Quero mantê-lo limpo e aquecido
Lavar bem a cabeça para que eu me esqueça
Esta coisa de “ser feliz sozinho”
Para deixar tudo quentinho: edredom, lençóis macios
Onde ele possa deixar-se em abandono
À mercê dos meus zelos
E se numa dessas noites, ao despertar do sono,
Esteja o meu amor ao meu lado,
Que eu tenha o gesto adequado para acolhê-lo.
III
Veio. Atirou-se destemidamente
Nova direção, novo “até quando”. Ela veio,
Ainda que muitos pudessem se apavorar...
Teve apenas um que disse: Vá. Ela veio
Não sei se alguém tentou demovê-la. Ela veio
Talvez a alma sussurrando: A vida se esvai… Ela veio
Impulso criativo na minha vida singela; Ela veio
E eu pensava ser ela uma dessas viciadas em certezas
E eu a pensava…
Loucura mais que bem-vinda
Vida em movimento e de um não/sim, nada esperar. Tudo
acontecer...
As coisas tomaram uma forma “certa”
E se eu pudesse nunca mais deixava ela partir…
IV
É domingo, espero e observo
Embora seja grande a expectativa
Já não tenho a ambição dos que querem pra ontem e tudo
perdem
Não forço os avanços que retrocedem
Existe uma independência interior que é maior e me guia
Aceito. Apreendo. Acredito
Já está acontecendo...
O destino orquestrado
Virá no seu tempo (morar comigo)
O ser desejado.
E tudo funcionará corretamente
Então será acomodada toda agonia
Um par ganhando forma e tudo tomando prumo:
A Casa, As noites, as Horas, os Dias, ...
Nós.
V
Não sei se não amadureci direito
Mas ainda sigo meu peito mais que minha razão
Se apaixonado, sou meio criança estabanada
Que mete o dedo na tomada e espalha energia
Em mim, Amar não cabe diplomacia
Sou chama que inflama, arde, explode
Eu sei que gente assim, se Freud
Explica, Erra pelos próprios exageros
Ardendo em fogo. Que me importa!
Eu me dou em festa, extremo, agudo
E transformo o ser amado em tudo
Não importa se real ou projeção
Se o amor é retribuído ou é em vão
Saberei, saberão...
VI
Leva-me. Louvo-te. Love me
Afoga-me no teu perfume. Lava-me em tuas águas.
Liberta-me de todo o ciúme
Livra-me do medo. Depura em mim velhas mágoas...
Londres? Leva-me mais longe...
Leva-me onde passeiem meus dedos em festa,
A contornar tuas arestas, reconhecer tuas curvas
Mitiga a sede do teu corpo com minha língua
Leva-me a penetrar-te cada fresta, mesmo as incorretas...
Leva conforto adentro, este morto à míngua
Corrompa-me com tuas leis. Faz-me lascivo...
Laça-me. Ata-me. Torna-me cativo.
VII
Nunca foi tão fácil escolher a direção
A porta se abriu e lá estávamos frente a frente
Tinha o mesmo sorriso que um dia me cativara
A voz interior, certa noite, me conduziu a ir buscá-la e
tinha razão
Linda, feminina, amorosa e de presença ímpar, permitiu-se
ser meu par
Invadiu-me por completo, enchendo de beleza meu existir
Criamos vínculos, enlaçamos nossos dedos, encantados
E agora seguimos enamorados, num encontro coroado de prazer