
A capa é feia. Dá impressão de ter sido concebida às pressas. Se não reflete a beleza quase translúcida da cantora (reencarnação de musa simbolista vivendo em pleno século XXI), menos ainda o que está por trás da embalagem. Talvez seja para contrabalançar trabalho tão asséptico: musica limpa, voz de veludo, sonoridade, arranjos precisos...
Já saí do lançamento ouvindo meu CD, devidamente autografado, e estou há quase um mês escutando e com vontade de escrever as minhas impressões.
Achei-o muito belo(belo não traduz o que chamo de belo)desde o começo. Simples como deve ser a arte, mas cheio de subjetividade, leveza, relevo e reentrâncias. Não se encerra em si. Não diz tudo. Deixa o espaço para a gente interagir, descobrir, divisar; responder e até rodar.
Um disco "novo" que remete a reminiscências e à melancolia de não ter pertencido à geração de 20 ou de 50.
Continuarei ouvindo décadas afora com a sensação de um trabalho extemporâneo. Não tem cara de 2008. Não tem cara de música de tocar no rádio. Tem cara de música de cabeceira (de cama e/ou de rio). De boêmia, no sentido real, tem algo de embriaguez, mas tem muito da busca pelo lapso, pelo imprevisto, pelo súbito de vida que cremos não se perdeu. Acho até que tem um gosto meio azul, mas respeito a opinião de quem achar que tem cheiro de cavalo marinho.
Porque me ficou uma única certeza: Alice não gira só...