quinta-feira, 18 de setembro de 2008

CABE UM TANTO (comentário a respeito do CD Responde à roda da cantora Cláudia Cunha)



A capa é feia. Dá impressão de ter sido concebida às pressas. Se não reflete a beleza quase translúcida da cantora (reencarnação de musa simbolista vivendo em pleno século XXI), menos ainda o que está por trás da embalagem. Talvez seja para contrabalançar trabalho tão asséptico: musica limpa, voz de veludo, sonoridade, arranjos precisos...
Já saí do lançamento ouvindo meu CD, devidamente autografado, e estou há quase um mês escutando e com vontade de escrever as minhas impressões.
Achei-o muito belo(belo não traduz o que chamo de belo)desde o começo. Simples como deve ser a arte, mas cheio de subjetividade, leveza, relevo e reentrâncias. Não se encerra em si. Não diz tudo. Deixa o espaço para a gente interagir, descobrir, divisar; responder e até rodar.
Um disco "novo" que remete a reminiscências e à melancolia de não ter pertencido à geração de 20 ou de 50.
Continuarei ouvindo décadas afora com a sensação de um trabalho extemporâneo. Não tem cara de 2008. Não tem cara de música de tocar no rádio. Tem cara de música de cabeceira (de cama e/ou de rio). De boêmia, no sentido real, tem algo de embriaguez, mas tem muito da busca pelo lapso, pelo imprevisto, pelo súbito de vida que cremos não se perdeu. Acho até que tem um gosto meio azul, mas respeito a opinião de quem achar que tem cheiro de cavalo marinho.
Porque me ficou uma única certeza: Alice não gira só...

2 comentários:

Claudia Cunha disse...

Meu querido,
fiquei muito feliz ao ler tuas impressões sobre esse trabalho. Conheço um pouco das coisas que te tocam e da identificação que tenho com você por conta disso. Então só posso ficar feliz e comemorar...Ah, adorei o musa simbolista! Vou investigar isso! rsrs.
Sucesso e cada vez mais inspiração pra compartilhar com a gente.
Beijos.

Hamilton Hafif disse...

Esta gravura não é a capa do CD em voga. Não a publiquei por que não uso fotografias para ilustrar este blog.