Dedico este texto a Samila Marina e Nara Martins*, que nem soteropolitanas são, mas encarnam a “cor” da cidade.
Agora quando fazes anos, aproveito para reiterar o meu amor. Amo-te desde criança e é agora como homem que mais te desejo amada, liberta e digna de seres possuída por mim. Fosse possível, eu te beijaria toda, cada artéria, cada, cada curva, cada fio de cabelo. Diria cara a cara, amo-te perdidamente. Teu jeito eternamente jovem. Teu colo acolhedor. Amo-te patética e anonimamente. Possuo-te só em me reconhecer parte de ti. Incesto. Platonismo. Amo-te, ainda que senhora, mesmo na certeza que já não a desnudaria como fizera quando era mais moço. Talvez nem saibas, mas assumes o comando de minha vida através deste teu encanto e magnetismo e, muito embora, eu tenha conhecido outras, é sempre pra teus braços que eu retorno. És linda, cheia de mistérios, cheia de luz e detentora de um carisma inigualável. Agora que conheço algumas estrangeiras, tenho certeza que como tu não existe. Talvez por isso os gringos te assediem veementemente e morro de ciúmes. Deve ser por conta desta negritude linda que possues, generosa, farta, de boca carnuda, cabelos em pé, tua naturalidade e tua fertilidade. Nem preciso falar do teu cheiro. Tuas indumentárias. Tua elegância, meio desastrada. Ah! Como tudo isso representa teu modo de vida. Quando jovem, perseguia-te em busca do prazer e da luxúria, hoje busco em ti o conforto de tua casa. A tua sobriedade e tua tão imensa capacidade de te renovares.
Agora quando fazes anos, aproveito para reiterar o meu amor. Amo-te desde criança e é agora como homem que mais te desejo amada, liberta e digna de seres possuída por mim. Fosse possível, eu te beijaria toda, cada artéria, cada, cada curva, cada fio de cabelo. Diria cara a cara, amo-te perdidamente. Teu jeito eternamente jovem. Teu colo acolhedor. Amo-te patética e anonimamente. Possuo-te só em me reconhecer parte de ti. Incesto. Platonismo. Amo-te, ainda que senhora, mesmo na certeza que já não a desnudaria como fizera quando era mais moço. Talvez nem saibas, mas assumes o comando de minha vida através deste teu encanto e magnetismo e, muito embora, eu tenha conhecido outras, é sempre pra teus braços que eu retorno. És linda, cheia de mistérios, cheia de luz e detentora de um carisma inigualável. Agora que conheço algumas estrangeiras, tenho certeza que como tu não existe. Talvez por isso os gringos te assediem veementemente e morro de ciúmes. Deve ser por conta desta negritude linda que possues, generosa, farta, de boca carnuda, cabelos em pé, tua naturalidade e tua fertilidade. Nem preciso falar do teu cheiro. Tuas indumentárias. Tua elegância, meio desastrada. Ah! Como tudo isso representa teu modo de vida. Quando jovem, perseguia-te em busca do prazer e da luxúria, hoje busco em ti o conforto de tua casa. A tua sobriedade e tua tão imensa capacidade de te renovares.
Lógico, que sei que nem tudo são flores na tua existência, como todas as outras, também tens tuas feridas, teus queixumes, tuas mazelas, tuas lamúrias, caprichos. Mas quem não as tem? Teu espírito superior te permite ir driblando os infortúnios e criar teus filhos na alegria e na grandeza. Tua fé é enorme, espiritualizada, segues cultuando teus orixás com sabedoria, zelo e devoção. Tenho certeza que eles te abençoam. Tenho certeza que são eles que te fazem tão guerreira, tão batalhadora e, ao mesmo tempo, tão hospitaleira, gentil e nobre...
Agora quando fazes anos, aproveito para reiterar o meu amor. Amo-te mesmo quando me golpeia. Quando te entregas em mãos erradas e eu tenho que assistir a tudo passivamente, imobilizado e sem voz. Amo-te ainda quando és dura com teus filhos. Contudo, sei que os quer bem, que os impulsiona e quer dar-lhes o melhor. A tua casa é a nossa casa. É onde me encontro e me identifico. Teus guias são meus guias e são eles que me ajudam a seguir, prosperar, viver. Se em outros momentos fui de outras, conheci, me enamorei, hoje sou completamente teu. Celebro tua existência como quem celebra a própria alma. Celebro com tuas bebidas, com teus quitutes, teus aromas, tuas entidades, teu axé. E te afirmo com toda certeza que, esteja eu onde estiver, meu amor será sempre teu. Quando não mais vida tiver, a ti quero entregar minhas cinzas. E enquanto vivo, seguirei vivendo, soteropolitanamente, o amor do qual me constituo, o amor que tu és.
*Nara Martins, na verdade, é soteropolitana e nasceu na Maternidade Sagrada Família no bairro do Bomfim.
*Nara Martins, na verdade, é soteropolitana e nasceu na Maternidade Sagrada Família no bairro do Bomfim.