segunda-feira, 27 de abril de 2009

DIVINA MAJESTADE

Este é meu primeiro texto com imagens de vídeo. E talvez bastassem as imagens, pois elas falam por si. Eu nasci no ano do Bi. 1962. Acho que em pouco mais de quatro anos, já desenvolvia a minha paixão por este bólido esférico que me encantava (encanta a até hoje) e atrás do qual eu corria tentando dominar, sem conseguir. Se conseguia alcançá-la, agarrava-a entre os braços, como se abraça uma amante. E ela era. Uma amante tão especial que em 1970, uns meses depois da conquista do Tri, fui atropelado por um Fusca, quando ia para a praia com uma tia, e nem o choque do carro e as raladuras provocadas pelo asfalto nos meus pontiagudos joelhos e cotovelos me fez abandoná-la. Aço que morreria abraçado com ela. Sorte que em 1970, os Fuscas andavam a 30 ou 40 km/h. Sorte grande que me permitiu viver esta paixão o resto da minha existência. Foi ela quem me proporcionou alguns dos momentos mais belos da vida. Conheci suas manhas, sua intimidade, o gosto de bater nela. Bem na cara. Aprendi a compartilhá-la com os seus outros também admiradores. Muitos dos quais invejei por tê-la conseguido dominar com precisão cirúrgica. Com maestria. Com a flexibilidade de um bailarino e executaram com ela um verdadeiro balé. Pintaram quadros belíssimos que ficarão na minha mente ainda que eu viva 200 anos. Conheci muitos dos santuários onde ela virou deusa e forjou ídolos eternos. Onde ela nos fez regredir a meninos, mesmo aqueles cujos cabelos já teimavam em querer ficar brancos. Ela é soberana. Caprichosa. Permite o máximo de intimidade a poucos. Faz com que os demais ainda que a invejar estes poucos, por serem quase divinos, os reverencie. É a magia dela quem faz isso. Faz a gente se arrepiar. Se alegrar. Se emocionar numa catarse coletiva. Gritar: Gol! Qualquer um, em qualquer lugar deste planeta, conhece esta linguagem. O planeta é dela e, nós, súditos deslumbrados, continuaremos a sobreviver a atropelos, tristezas, rompimento de núpcias, a tudo. Em nome do imprevisível. Em nome da plasticidade. Em nome da dança. Em nome da utopia. Em nome do fenômeno. Em nome dos momentos de majestosidade a que ela nos remete.


2 comentários:

fernando disse...

Duas maravilhas: o texto e o gol do Fenômeno...!

fernando disse...

Duas maravilhas: o texto e o gol do Fenômeno...!