Passados os momentos de grande euforia, mas ainda em foco, resolvo me pronunciar. O texto está na minha cabeça há quase um mês, mas não querendo parecer “do contra”, fiz opção em me manter na reserva. Diferente do Brasil, eu nunca vi uma campanha de tamanha força estratégica, bem cuidada, de centro e com vistas a agradar baianos, europeus, africanos e principalmente americanos. Não obstante ter derrotado uma fortíssima oponente (que vai ocupar cadeira no seu secretariado, ironicamente) dentro do seu próprio partido, o fenômeno esmagou as esperanças da perpetuação do estado de coisas vigentes na América. Dupla luta, dupla vitória, ambas vencidas sem knock out ,dada a grandeza dos oponentes. Dizê-lo formidável a esta altura seria redundância das grandes. Imputar-lhe competência, habilidade política e outras qualidades, desnecessário.
Sua vitória tem um valor simbólico enorme para o mundo. Para história americana um marco político que inaugura uma nova era. Mas, saturado pelas comemorações, pergunto: e daí? Esta vitória pode significar uma grande transformação no tecido social e político dos Estados Unidos, sem dúvida. E quanto a nós? O que festejamos? O que estamos comemorando? Uma vez que nós não somos o mesmo povo. Latino-americanos, africanos, árabes, palestinos, estamos num terceiro plano e nossas vicissitudes são outras. A herança deixada para o eleito não é das melhores e há tempos somos nós quem pagamos estas contas.
A ficha que me cai é feito moeda cujos dois lados são iguais. A festa em mim fluiu transitória específica (quase inconsciente) e baseada nas experiências de vida enquanto afro-descendente, mas a minha angústia antiamericana não se dissipa. Minha preocupação seria uma preocupação infundada, irracional e descontextualizada não fosse ele americano. Gostaria muito que esta mudança representasse uma mudança mundial nas relações desiguais e unilaterais desta superpotência, em crise, principalmente com os países pobres e em desenvolvimento, mas a ver pelo discurso da vitória, continuaremos a assistir um governo que governa pela hegemonia, pela megalomania em busca de solver seus problemas a custa e pouco importando o desequilíbrio mundial. Oxalá, esteja eu enganado.
5 comentários:
Acho que você está um pouco cético em relação à Obama. Vá lá que ele é americano, capitalista e não vai resolver o problema das desigualdades do seu país, quiçá do mundo, mas que ele é por demais inspirador, lá isso é. Não só para os afro-descendentes, mas p/ todos nós: yes, we can. Sim, nós podemos ser, fazer, realizar e sonhar sem limite. Isso é bom, faz o mundo mover em outras direções e, sem dúvida, é inspirador!!! GOSTEI DO BLOG. PARABÉNS!!!!
Comentário de minha amiga Carmen Primo, não poderia deixar de postar:
"QUERIDO AMIGO, OFATO DE OBAMA TER VENCIDO AS ELEIÇÕES E SE TORNADO O
PRIMEIRO NEGRO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS, ME TRAZ UMA SATISFAÇÃO E
UMA ESPERANÇA PARA O MUNDO TODO. SENDO ELE UMA PESSOA MUITO SENSATA,
INTELIGENTE, DE BONS SENTIMENTOS, ACREDITO QUE AGLUTINARÁ TODOS OS
POVOS E O MUNDO SERÁ OUTRO. ESTAMOS ASSISTINDO UMA TRANSIÇÃO
EXTREMAMENTE IMPORTANTE QUANTO A VALORES HUMANOS, QUE, SÓ TRARÁ
BENEFÍCIOS. QUANDO VEJO AQUELE RAPAZ , NEGRO, PRESIDENTE DOS ESTADOS
UNIDOS, SINTO QUE IRRADIA UMA VIBRAÇÃO MUITO POSITIVA, PODE-SE VER
CLARAMENTE SER UMA PESSOA DOTADA DE TODOS DONS MORAIS, E ENVIADO POR
DEUS, PARA MELHORAR A VIDA DE TODOS. TOMARA QUE TODOS OS POVOS,
ENTENDENDO O SENTIDO TÃO IMPORTANTE DESTE ACONTECIMENTO, CONTRIBUAM
PARA A PRÓPRIA FELICIDADE.
ESTE É MEU PENSAMENTO, QUERIDO AMIGO, BJOS."
Hum... pensando...
E agora? Quais as mudanças que podemos esperar? O que há de bom ou de ruim?... + 1000... São tantos os questionamentos que não está sendo possível criar expectativas.
Até o momento a satisfação resumiu-se ao fato de ter um negro assumindo um dos mais altos cargos da política mundial. Um marco histórico.
Quanto às questões políticas, econômicas, sociais e religiosas, estas tomarão o rumo determinado pela equipe de governo que está sendo montada. Ai é que mora o perigo.. rsrsrs
Prefiro aguardar, friamente, pelas respostas... bjo
Obs: parabenizo àqueles que conseguem enxergar algo diferente com está eleição
Sim, esta eleição enaltece lá no íntimo dos nossos "negros" corações este norte-americano.
Sim, Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos, tem o "pensamento americano" e naturalmente terá "atitudes americanas", apenas podemos esperar que estas tenham a essencia de igualdade e liberdade para todos que têm as "atitudes negras" já vistas neste mundo.
Voltei a este texto hoje em vista da iminente invasão da Síria em mais uma ofensiva americana para alavancar sua indústria armamentista.
Esta e outras ações, como o assassinato do Bin Laden sem sequer submetê-lo a julgamento, são suficentes para me levat a crer que uma vez americano, sempre americano. É nisso que creio e vejo que não era infundado meu ceticismo em relação a Obama.
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