sábado, 22 de maio de 2010

NOTA DE RODAPÉ



Quando na arena

um touro me matar
não me socorram,
pois ninguém socorre
o touro quando o mato.
(DAMÁRIO DA CRUZ In Segredo das Pipas)






Desperta-nos este ar de consternação

Quando passa o poeta.

Tantas vezes tropeçamos na sua presença

Escrita, dita, impressa

E na nossa pressa

Quase nenhuma deferência

Reservamos-lhe

Sequer lhe pedimos desculpas.

Para toda poesia

O ostracismo é coisa certa

Disso bem sabia aquele que se foi

“Cada pássaro na rota, sabe-se pássaro”

Sabe-o bem, o que “fica”

Então porque choramos ao que parte?

Nesta fração incerta de segundo

Neste beco sem para onde

Publicamos nossa dor solúvel

Instantânea, repentina, pro mundo...

Orkut, Sonico, MSN, Facebook

“chovemos na hora errada”

O que queremos expiar?

Há tempos que só fazemos saber o peso Da Cruz

Ao poeta...

5 comentários:

Fabi disse...

belíssimo...

Fabi disse...

belissimo

Unknown disse...

Muito lindo!!!!!!!!!!!!Beijos

fernando disse...

Parceiro, a partida de Damário também me causou uma comoção muito grande. Tive a honra de conhecê-lo e ao seu "Pouso da Palavra", em Cachoeira, há 3 anos atrás. Fiquei fascinado com a sua lucidez e inquietude contrastantes, mas acima de tudo porque sabia que estava diante de alguém diferente da grande maioria. Me tornei um grande admirador da pessoa e do poeta...

Hamilton Hafif disse...

Que ele viva em nós enquanto estivermos por aqui