Eu tinha me prometido não fazer qualquer manifestação a respeito desta questão, uma vez que este ano, por estar fora do país, desenvolvendo atividades profissionais, estou impossibilitado de exercer ao ato cívico de votar. Mas é muito difícil para mim não me posicionar, dada à importância do assunto: eleições presidenciais.
Assisti a campanha à distância e, sinceramente, não me motivei a mergulhar nesta que foi uma das campanhas políticas mais insossas, marcada pela presença de três candidatos, me refiro aos candidatos potenciais ao cargo, que não trazem a mim qualquer tipo de sentimento de avanço em relação à forma de pensar ou repensar o futuro da nação.
José Serra é o representante de uma burguesia cambaleante, acostumada aos privilégios, que já mostrou quanto é torpe e intolerante quando o assunto é a preservação do seu “status quo”. Marina Silva representa a fatia desencantada com o discurso adotado pelo PT de moralidade, cuja prática a mim e tantos outros frustrou, mas que certamente não a levam a governabilidade neste país corrompido e cheio de situações intrincadas. Vivemos sob uma herança maldita que não se consegue entender, mas que está estabelecida bem antes do governo do PT e ainda precisa ser “politicamente” administrada. Não sei quanto de ingenuidade tem no discurso dela que já conviveu dentro do governo e sabe que a força oculta dos interesses econômicos, ainda não nos permite vislumbrar este país de maravilhas que ela apregoa. Dilma não é uma mulher carismática, não é simpática e tampouco soa com uma figura espontânea. Seu discurso é frouxo como dos demais. Decorou o texto. Mas, eu votaria nela pelo que representa de continuidade nas melhorias que tenho presenciado neste país a despeito da resistência da elite.
Só quem sabe o que é pobreza, conhece-a de perto, sabe que, pela primeira vez, vê-se uma melhoria significativa na condição de vida dos pobres, maioria esmagadora deste país. Por mais que soe assistencialista a bolsa família põe alimento na mesa de milhões de pessoas. Isto é básico.
Passei toda minha mocidade, ouvindo dos governos elitistas que melhorar o salário mínimo era promover a inflação. Nos últimos anos, o salário mínimo teve sua melhor recuperação deste que me entendendo como trabalhador, nisso se vão quase trinta anos. O poder aquisitivo de milhões de pessoas melhorou. Isto é resgatar a dignidade.
Ainda que muito se tenha a fazer pela educação, sem dúvida, as oportunidades de acesso melhoram significativamente. Tenho muita simpatia pelo ProUni, oportuniza a pessoas um acesso tão preterido anteriormente. Um grupo grande de pessoas, ao qual os governos anteriores nunca deu a devida importância, hoje ao menos aspira a uma universidade.
Por último, tem duas coisas que me agradam neste governo, a recuperação do funcionalismo público e a revitalização da indústria. O histórico das negociatas para privatização das empresas brasileiras é algo que não pode ser apagado, nem esquecido jamais. O ônus social ainda reverbera até hoje. Quando eu vejo o “gás” que algumas organizações, ditas combalidas, ganhou no governo atual, eu fico muito perplexo em imaginar que outras tantas foram entregues na bandeja aos interesses de alguém que não era o país e à custa do desemprego e do abandono de milhares de trabalhadores.
Não, definitivamente estes avanços não devem retroceder. São palpáveis e muito embora, todos digam que são capazes de fazer, quando tiveram a oportunidade, em longos trinta anos, foram na mão contrária. Promoveram retrocesso ou avanço nenhum. Não deram a importância à maioria esmagadora que urge de atenção, de respeito e de ter uma vida de gente, gente que é. Se Dilma representa a continuidade, e isto eu espero, votaria nela apesar dos pesares e dos graves tropeços do partido dela. Sem romantismo, sem o falso moralismo dos puritanos, mas certo de que democracia não se faz a partir de interesses individuais, nem é consenso. Se faz no desejo e opção pela maioria.
2 comentários:
Meu caro !! É muito bom ler as opiniões e portanto a visão do nosso pais. O importante nesta situação é que estamos tendo a oportunidade de escolher. Quando acreditarmos que todo processo de mudança é resultado de nossa influência ai sim tudo muda.
Você poderia ter votado para Presidente !!!! Um grande beijo
Oi,Nara. Não poderia votar por que não sou residente em Mumbai. Eu tenho "Business Visa". Gostaria muito...
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