"Palavras, palavras, palavras… Desde quando sorrir é ser feliz? (Gonzaguinha)"
Naquele
tempo, houve um em que acreditei que amar alguém (objeto do meu desejo) estaria
associado a ser feliz. Ou melhor, ser feliz seria estar apaixonado por esse alguém.
Amei. Sorvi. Sofri. Quase morri. Não desisti. Apaixonei-me outras vezes. Amei.
Sorvi. Sofri. Quase...
No fracasso
de algumas empreitadas, busquei nos livros esta felicidade. As palavras me
abraçaram, me beijaram, me levaram para passear e atenuariam as minhas dores. Por
um tempo. Ficamos relativamente íntimos. Nós, várias vezes, num entrelace de
pernas, fizemos amor gostoso, em
lençóis macios, cheio de gozos, onomatopeias, risos. Simulamos uma ou outra e
própria felicidade. E era. Como se me fosse verdadeira. Eu, elas e as palavras
nunca nos divorciamos. Fantasias. Dedos. Medos. Expiação. Ódio. Mas que merda
de insatisfação era aquela? Que estado de vazio era aquele que, passada a euforia
do orgasmo, me deixava aflito e sentindo-me só? O que é que as palavras que se
dizem, minhas amantes, não diziam ou preenchiam? Por que, por vezes, me sentia
aprisionado por elas? Por que me abandonavam em momentos cruciais?
Haveria de
haver mais compreensão. Apreendia o silencio e seu ruído. Aprendia a dialogar
com as paredes. Diálogo ressonante. Aprendia a fazer a pergunta boa. Como quem
revolve escombros, em busca de cadáveres,
mas na esperança de que haja vida sobre eles. Divã, stool, raquetes, tolhas,
olhares, espelho. ESPELHO.
Um dia, sem mais nem menos, me vi diante de mim e me apaixonei. Desde então, há tempos, quase todos os dias, somos felizes para sempre. Eu, elas, as palavras…
Um dia, sem mais nem menos, me vi diante de mim e me apaixonei. Desde então, há tempos, quase todos os dias, somos felizes para sempre. Eu, elas, as palavras…
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