Das poucas coisas boas que esta
crise política do Brasil está me permitindo é enxergar as pessoas como elas
realmente são. Como máscaras têm caído neste momento tão delicado. Quão vil e
de caráter ruim, pessoas públicas ou não, amigos ou conhecidos, que sempre admirei,
têm se mostrado.
A nossa falta de educação e
maturidade política têm nos levado a extremos cuja minha crença nas pessoas não
conseguiria imaginar em tempos outros. Na falta de argumento, na falta de elementos,
vale qualquer coisa: acusar sem provas; por em cheque a honestidade dos
desafetos; defender quem, comprovadamente,
cometeu delitos, publicar notícias
falsas, sabendo-as falsas; faltar com o respeito com as instituições constituídas;
atentar contra a honra de quem quer que seja e etc...
O mais espantoso é que tais
manifestações não demandam só de pessoas sem formação acadêmica, malnascidas, ou
mesmo, ignorantes. Antes, pessoas que arrotam conhecimento, leitura e, às vezes,
posses são as que, primordialmente, tem nos dado esta lição de incivilidade. O
poder das redes sociais, o anteparo que, supostamente, elas representam, leva pessoas a se
encorajarem e achar que tudo podem e que tudo vale...
A princípio, muitas destas
posturas me causaram espanto ou preocupação. Depois, desconforto e chateação.
Mas de algum tempo para cá, decidi abstrair, ser mais analítico e observar, em
detrimento da expectativa que eu pudesse ter de certos elementos. Tenho
aprendido muito com isso. Não reajo instintivamente. Não contesto. Vou
ponderando quem é quem neste jogo de interesses, onde o que menos conta é a nação,
o bem comum e a igualdade de direitos.
Desde então, tenho buscado me esvaziar
das discussões inócuas com pessoas que no calor da defesa daquilo que lhes
convém, não percebem, mas vão desfigurando suas histórias, disseminando intolerância, destituindo-se de
valores (se verdadeiramente os tinha), voluntariamente dando suas contribuições
para o caos e a convulsão.
Mesmo depreendo desse momento que as
pessoas são como são. Sem imputar-lhes culpa por serem como são. Sigo desejando que esta não seja a nova
ordem moral deste país. Só me deixa apreensivo que muitos destinos, ainda sem
voz, possam estar à mercê deste jogo de forças, onde a busca pelo equilíbrio, diálogo, boa
vontade não estão entre as regras.
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